quinta-feira, 30 de julho de 2009

Nova ementa para o curso de Elaboração de Projetos

Evoluímos o conteúdo de nosso curso. Confira a nova ementa:

CURSO: ELABORAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS E GESTÃO SOCIAL
CARGA HORÁRIA: 62H

As Transformações da Sociedade Contemporânea e a Gestão Social. A construção de projetos sociais: conceitos, ciclo (identificação, concepção, execução, monitoramento e avaliação) e respectiva documentação. Noções de captação de recursos para projetos sociais - observatório de editais.

Sinopse:
Neste curso, os alunos construirão projetos sociais articulados com as expressões da questão social onde serão apresentadas experiências concretas desenvolvidas por difrentes atores sociais da esfera público-privada. Os projetos serão assessorados pelos professores e discutidos com o conjunto dos alunos. Cada participante deverá, a partir dos conteúdos desenvolvidos,construir um projeto social que possa ser aplicado no seu processo de intervenção profissional. Serão utilizados diversos materiais impressos e mídias digitais.

Memória da Palestra em Carlos Barbosa

IV conferência Municipal dos Direitos
da
Criança e do Adolescente
A Importância da Construção da Rede Interna na
Garantia e Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente

A centralidade da palestra trouxe como essencial a necessidade da consolidação de um Sistema de Proteção Integral já que a dificuldade de construir este sistema se constitui pela impossibilidade de se construir processos de trabalho coletivos. E todo o direcionamento da reflexão sobre Rede Interna passa pela seguinte questão: por que não se consegue construir um coletivo?

E a resposta que emerge indica o descomprometimento, o excesso de individualismo, o uso do poder discricionário, a competição e a inveja que não permitem a construção de espaços relacionais democráticos na construção de coletivos profissionais.

Quem perde?

Sempre, mas sempre mesmo, as crianças e adolescentes em risco pessoal e social e adolescentes autores de ato infracional. Para eles o presente é sempre passado, e o futuro se torna um presente inalcançável porque a dificuldade de construir e consolidar a Rede Interna como uma estratégia de enfrentamento a desigualdade não se constitui porque os sujeitos/profissionais não se movimentam para romper com o individualismo, não se constituindo em coletivos capazes de possibilitar a esperança e construir um Sistema de Proteção Integrado na garantia de direitos.
Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quarta-feira, 29 de julho de 2009

DE ONDE VEM A AMEAÇA?

Hoje, ao retornar de uma Perícia Social realizada com um usuário, cujo objetivo era de receber Benefício de Prestação Continuada pela situação que ora se encontra, nos deparamos com a crueldade que permeia as relações sociais constituídas pela sociedade capitalista de cunho periférico.

A moradia deste usuário está localizada na zona periférica da cidade de Viamão/RS. Aparentemente é um espaço bem localizado, onde se mescla o urbano com o bucolismo da zona rural, com todos os elementos necessários para um contexto de boa convivência, se constituindo em um território com tudo para a consolidação de um ambiente saudável.

No entanto, o que se vê, está longe da possibilidade concreta do que poderia ser. O que torna impossível a transformação desta realidade?

O álcool!! Mas não é o “crack”? Não são os adolescentes “viciados”, que estão a ameaçar os “homens de bem” da sociedade gaúcha?

Não! Não! É o álcool – aquele que “desce redondo” e aprisiona os tolos na dependência sem volta. É aquele que é saboreado junto com a imagem da atriz global – Juliana Paes. É aquele que encoraja os motoristas a dirigirem “sem lenço e sem documento”, matando os transeuntes, trabalhadores e motoristas sérios, neste trânsito sem lei e sem compromisso com a vida humana. É aquele que “turbina” os torcedores nos campos de futebol – os empurrando para a violência gratuita sem consciência, porque as ações irresponsáveis estão sustentadas pela euforia etílica. É aquele “que matou o guarda”, cuja mensagem subliminar deixa explicito que só os “machos” conseguem digeri-lo.

É aquele que funciona como “cobertor interno”, nas noites frias de inverno, agasalhando os que já não são nada...

É aquele que subsidiará a copa do mundo em 2014 no Brasil, logo, é necessário, desde já, convencer a “peble ignara” que um gole a mais não faz mal, pelo contrário, o gole vai sustentar a falsa alegria, o falso brilho e encherá as ruas com gritos de já ganhou, numa euforia movida a álcool, logo, sem a autenticidade da torcida que nasce do espírito esportivo.

Lá, naquele pequeno território em Viamão, não é o “crack” que está matando. É o álcool que campeia pelos rostos de homens jovens, adultos e idosos, que circulam cambaleantes pelas ruas, porque são os “bares da cachaça” que sustentam as famílias, que produzem a violência, o abandono, a doença. Neste pequeno território a miséria se expressa pelo álcool que se constituí em ferramenta importante dos poderosos para a manutenção do poder, para aniquilar os direitos, para produzir “zumbis”.

Portanto, quem deveria pagar o Benefício de Prestação Continuada a este exército de mortos vivos deveriam ser as fábricas de cerveja: a skol, a brahma, a bohemia, a polar e tantas outras, como também as de cachaça, como a 7 campos.

Não é o “crack” que ameaça os “homens de bem”, não são os adolescentes, são os poderosos, os dignos representantes do capital que investem na desumanização, no uso consciente da dependência etílica e vão minando vidas, para obterem mais lucro. É disso que a mídia coorporativa deveria tratar - braço comprometido do capital, cujos funcionários, alguns, jornalistas?, há muito esqueceram o significado da palavra ética.

O cotidiano profissional nos esfrega na cara todos os dias as expressões da Questão Social e enfrentá-las é conseguir dar o tom exato ao denunciar as responsabilidades coletivas por trás de uma solicitação individual de Benefício de Prestação Continuada, que por si só, já aponta a vida destruída pela negação de muitos direitos.
Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Türck

terça-feira, 21 de julho de 2009

SERVIÇO SOCIAL, PRÁTICAS TERAPÊUTICAS, CONFUSÃO?

Quero iniciar esta reflexão a partir de dois comentários postados neste blog em 10/07 e 17/07/2009 por dois assistentes sociais relativos ao Serviço Social e as práticas terapêuticas.

“Não se trata de negar a profissão, trata-se de utilizar outros instrumentos para o trabalho com grupos, práticas que já são realizadas no cotidiano profissional (...) seriam instrumentos profissionais” (Assistente Social, 10.7.2009).

Em primeiro lugar quero contrapor a argumentação acima ao trazer a seguinte reflexão: utilizar instrumentais operativos como grupo, técnicas, como dinâmicas de grupos diversificadas, não tem nada a ver com negar a profissão. As estratégias e instrumentais operativos estão aí para qualquer profissão utilizar. No entanto, ao nos apropriarmos delas para a intervenção se deve articular a intencionalidade das mesmas com os Fundamentos da profissão. A confusão está em se pensar que usar técnicas disponibilizadas a qualquer profissão é estar operacionalizando práticas terapêuticas como referiu a postagem a seguir: “trabalhamos com grupos, utilizamos dinâmicas grupais das mais variadas e não sabemos realmente dos resultados dessa ação, isso talvez fosse uma prática terapêutica, e aí?” (Assistente Social, 10/07/2009).

Em nenhum momento se afirmou que trabalhar com abordagem de grupo se constitui em trabalhar com práticas terapêuticas. Existe aí uma confusão de fundo, muito pertinente que está abrindo possibilidades de uma discussão séria sobre os Fundamentos da profissão e sua materialização na prática cotidiana dos assistentes sociais.

Segundo a colocação da Assistente Social (17/07/2009) “é contraditório negar as práticas terapêuticas em Serviço Social uma vez que na área da saúde, por exemplo, trabalhamos com a saúde num contexto mais ampliado do que a simples ausência de doença. Daí nos vem o questionamento: abordagem grupal não constitui uma prática terapêutica? Teremos que negar então todas as estratégias metodológicas que se imiscuem com práticas terapêuticas?” A contradição a nosso ver, está em confundir as práticas terapêuticas que se constituem em metodologias de intervenção na realidade dos indivíduos a partir de teorias psicológicas, com estratégias e instrumentais a serem utilizados para operacionalizar, no caso dos assistentes sociais, seus processos de trabalho. Logo é importante demarcar que não são os espaços institucionais que determinam as estratégias metodológicas e os instrumentais operativos utilizados pelos assistentes sociais para concretizar seus processos de trabalho. São os Fundamentos da profissão que determinam o uso destas estratégias e destes instrumentais. É a Questão Social que amplia e problematiza a atuação dos assistentes sociais, quer na área da saúde, na área da justiça, na área da assistência e também, na área da educação. Logo, os instrumentais operativos, como grupos, dinâmicas de grupo, psicodrama, desenhos, a arte, como o teatro, estão disponibilizados também aos assistentes sociais para enriquecer e qualificar seus processos de trabalho em qualquer área em que for atuar, considerando que tanto as estratégias e os instrumentais são vazios de sentido enquanto esperam para serem utilizados por profissionais de qualquer área profissional. Eles vão adquirir sentido a partir da intencionalidade e da orientação social dada aos assistentes sociais pelo Projeto Ético-Político, por isso não devemos negar a utilização de nenhuma estratégia metodológica e de nenhum instrumental operativo disponibilizados a qualquer profissão, desde que os utilizemos a partir de nossos Fundamentos.

Em segundo lugar quero iniciar aqui uma reflexão em relação à Terapia Familiar, a partir da seguinte colocação: “mas não podemos esquecer que fomos nós assistentes sociais que fornecemos os pilares para a terapia familiar, uma vez que (...), foi Mary Richmond que percebeu a excelência de se trabalhar com famílias” (Assistente Social, 17/07/2009).

Com certeza esta modalidade terapêutica de intervir na realidade dos indivíduos foi criada por assistentes sociais estadunidenses, uma delas, Virginia Satir, da Escola de Terapia Familiar de Palo Alto, cujos fundamentos teóricos estão sustentados na teoria sistêmica, que durante muitas décadas forneceu subsídios a profissão. Um dos autores de Serviço Social que utilizou a teoria sistêmica, muito estudada por nós, assistentes sociais, foi Harriet Bartlet cuja orientação se focava na adaptação dos indivíduos considerados responsáveis por suas “mazelas sociais”, tanto no âmbito macro, como no âmbito de suas relações. Os assistentes sociais durante um bom tempo operacionalizaram suas práticas a partir deste referencial. Quem teve sua formação nesta época deve estar lembrado que para diferenciar a prática dos assistentes sociais com a dos psicólogos se argumentava que os assistentes sociais trabalhavam com o “aqui, agora” e que os psicólogos aprofundavam este conhecimento centrado no indivíduo. Quem tem formação em Terapia Familiar Sistêmica sabe que a Terapia Breve incorporou o “aqui, agora” e um dos autores representantes desta Terapia é Steve de Shazer, logo, influenciado pelo Serviço Social Clínico estadunidense.

Portanto, a ruptura teórica com o Serviço Social conservador cujo desfecho ocorreu nos anos 1990 e conseqüentemente seu tensionamento na prática se deve também a busca pela consolidação da identidade profissional e a ampliação da apropriação do fenômeno social a partir da historicidade, da totalidade e da contradição.

Logo, construir e conquistar novos espaços profissionais, é antes de tudo, aprofundar e se apropriar dos Fundamentos da profissão na concretização do Projeto Ético-Político profissional no cotidiano dos sujeitos, utilizando com propriedade todas as estratégias metodológicas e instrumentais operativos disponibilizados para qualquer profissional, no caso dos assistentes sociais, sustentados pela intencionalidade dada pela orientação social da profissão.
Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quarta-feira, 15 de julho de 2009

SERVIÇO SOCIAL E AS ESCOLHAS!

Os caminhos profissionais dos assistentes sociais são tantos e cada vez mais ganham visibilidade as ameaças que, como trabalhadores, sofremos na manutenção de um emprego que vai nos possibilitar um salário para a sobrevivência cotidiana. O que nos leva, muitas vezes, a suportar a desqualificação, o descaso, o desrespeito e a prepotência nos espaços de empregabilidade, e esta violência institucional vai proporcionar o adoecimento, a acomodação, a burocratização da prática, o descrédito em que se consolida a desesperança e permite o distanciamento profissional da orientação social da profissão dada pelo Projeto Ético-Político.

Por que isto vem acontecendo?

A realidade institucional não traz nenhuma novidade, já que são nestes espaços profissionais que se materializam as relações sociais postas na sociedade capitalista explicitadas pela sociabilidade reificada, também sustentada pela desigualdade social.

É aqui, no meu entendimento, que chegamos ao “nó” da questão: a não apropriação do que chamamos de “núcleo duro” da profissão. Retomamos, então, a “velha” questão articulada à identidade atribuída, que, nestes espaços, muitas vezes, não se consegue superar. Para enfrentar a identidade atribuída é necessária a apropriação dos Fundamentos do Serviço Social e, mais que isto, recuperar e consolidar a “ponte” que nos torna iguais em qualquer espaço profissional de atuação, nos tornando diferentes a partir do aprofundamento do conhecimento das expressões da Questão Social que chegam ao nosso cotidiano profissional.

Para retomar esta “ponte” é necessária a apropriação compromissada com os Fundamentos Teórico-Metodológicos (teorias críticas, Método Dialético Materialista, Questão Social e Metodologia da Prática Dialética), Fundamentos Ético-Políticos (orientação social da profissão sustentada pelos fundamentos teórico-metodológicos e regulada pelo Código de Ética) e Fundamentos Técnico-Operativos (estratégias metodológicas e instrumentais operativos, necessários para aplicabilidade do Método. Estes passam a ter uma intencionalidade à medida do lugar em que vão ocupar a partir do Método). Esta apropriação não pode ser feita a partir de um conhecimento superficial, mas com o aprofundamento necessário para que possamos materializar no cotidiano dos sujeitos singular, o Projeto Ético-Político da profissão.

Este momento atual que os profissionais da prática vêm enfrentando, nos leva a inferir que a categoria dos assistentes sociais se encontra num impasse em que é necessário que a academia, responsável pela formação destes assistentes sociais, busque a unicidade no ensino, na apropriação do Projeto Ético-Político, porque retomar esta unicidade é aprofundar os fundamentos que dão sustentação a orientação social da profissão. Esta retomada vai implicar em repensar a argumentação sem consistência teórica muito utilizada a “respeito da pluralidade” que vêm ao encontro da fragilização e precarização dos processos de trabalho na “prática miúda” destes profissionais.

Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quarta-feira, 8 de julho de 2009

QUEM CHEGA PARA O ASSISTENTE SOCIAL? O SUJEITO E SUA SUBJETIVIDADE!

Uma resposta simples, mas extremamente polêmica. No transcorrer da história do Serviço Social a subjetividade sempre foi uma categoria emergente.

Mary Richmond, em sua época, já incluía a necessidade de se estar atento às emoções do “cliente”, onde não se ignorava que era um indivíduo que chegava para o assistente social com todas as suas idiossincracias. No entanto, nesse período, para compreendê-lo, o Serviço Social foi buscar nas teorias da psicanálise (Escola Diagnóstica) e da psicologia (Escola Funcional) subsídios para tanto, em que centrava sua ação profissional nas noções de “relacionamento” (relationship) e nas de relações humanas (human relations). Esta busca levou ao psicologismo excessivo da profissão, cujo eixo se dava através das relações interpessoais, concretizada por uma prática profissional des-historicizada e despolitizada em que se buscava a adaptação destes indivíduos, já que se trabalhava a partir da resolução de conflitos com foco na culpabilização dos mesmos. A partir desta perspectiva, a subjetividade, ao longo da história da profissão vem se mostrando como um ‘nó’ a ser superado, já que, para romper com a perspectiva teórica reducionista, a categoria optou em abandonar teoricamente a subjetividade porque a mesma fazia parte essencial da herança do Serviço Social tradicional e das práticas terapêuticas. No entanto, na prática, a subjetividade continua a ser um “nó” porque quem chega para os assistentes sociais é um sujeito que vai trazer a conjuntura através da manifestação de sua subjetividade, que vai se expressar em seus espaços afetivos e de relações. Portanto, inviabilizar, pura e simplesmente, a compreensão da subjetividade sem explicá-la à luz das teorias-críticas é consolidar um dos “nós” atuais que enreda os assistentes sociais em seus contextos de prática cotidiana.

Embora a Questão Social agregue a apropriação da constituição da sociedade capitalista ocidental, para os assistentes sociais ela se constitui em objeto de seus processos de trabalho quando ela permeia o cotidiano dos sujeitos, transformando a subjetividade destes, que as reproduzem em suas relações ao torná-los visíveis pelas suas identidades sociais ao interagirem em seus espaços afetivos e de relações.

Logo, “é importante desenvolver a capacidade de ver, nas demandas individuais, as dimensões universais e particulares que elas contêm. O desvelamento das condições de vida dos sujeitos atendidos permite ao assistente social dispor de um conjunto de informações que, iluminados por uma perspectiva teórico-crítica, lhe possibilita apreender e revelar as novas faces e os novos meandros da Questão Social que o desafia a cada momento no seu desempenho profissional diário” (IAMAMOTO, 2004).

Sabe-se que “o combate ao psicologismo do Serviço Social conservador conduziu à denegação da dimensão do psíquico, como se ela não fizesse parte da realidade ou como se fosse algo secundário e, por conseguinte, menos importante” (NICACIO, 2006, p.6).

No entanto, o Serviço Social como profissão é eminentemente interventivo, faz a leitura do fenômeno social a partir da ótica do sujeito e sua subjetividade deve ser apreendida através dos Fundamentos da profissão já que a mesma se constitui pela manifestação das identidades sociais dos sujeitos em diferentes espaços sociais.

Pode-se afirmar, então, que a subjetividade do sujeito singular se constitui pelo OUTRO (constituído pela base econômica - objetivação - e pelo campo de valores instituído - subjetivação -, que vai compor a identidade social do sujeito singular), isto é, pela realidade que está aí e pelos aspectos ideológicos, políticos e jurídicos que vão também tecendo as relações sociais a partir do que está fora de nós e compõe as identidades sociais destes sujeitos pela objetivação e pela subjetivação. Esta perspectiva teórica do Serviço Social de se apropriar da subjetividade a partir das relações sociais que se constituem pelas relações de produção dimensiona o que se vai chamar de OUTRO, cuja essência é a manifestação da contradição, isto é, o campo do social em que a desigualdade social e a resistência materializam a Questão Social. Portanto, desvendar o objeto, Questão Social, na vida dos sujeitos é dar visibilidade à relação que acontece entre as subjetividades destes sujeitos e a contradição que vai se manifestar pela objetivação e pela subjetivação articulada com suas situações de fragilidade, representada pelas suas identidades sociais em determinados contextos sociais.

Nesta perspectiva, o diálogo dialético que vai se estabelecer entre o assistente social e o usuário vai trazer a marca da contradição, porque ele carrega consigo a explicitação da desigualdade e a possibilidade da resistência que tanto a subjetividade do usuário como a do assistente social estão sujeitos, já que, como pessoas, fazem parte da sociedade de classes constituída pela sociedade capitalista de cunho periférico.

Portanto, retroagir para as práticas terapêuticas é elencar a subjetividade a partir do psicologismo que dominou o Serviço Social tradicional.

No entanto, retomar a subjetividade transformada a partir da objetivação e da subjetivação e explicitada pelas identidades sociais dos sujeitos é trazer para o contexto cotidiano o sofrimento psíquico e a fragilidade destes sujeitos que se insere em um processo sócio-histórico, cuja relação “se realiza num contexto institucional, atravessado por relações de poder e por interesses contraditórios marcado por referências culturais e ideológicas” (NICACIO, 2006, p.9). Esta retomada vai culminar em Processos de Intervenção em que os processos de trabalho dos assistentes sociais vão se constituir na apropriação da contradição com o objetivo de intervir para superar, sem com isto ir em busca do passado ou de práticas terapêuticas para se apropriar da subjetividade dos sujeitos singulares, usuários do Serviço Social, na concretização, então, do Projeto Ético-Político profissional.
Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Türck

Memória da Palestra em Erechim

A Graturck esteve presente na VI Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente "Construindo Diretrizes da Política e do Plano Decenal", realizada no dia 25 de junho. A Assistente Social Maria da Graça Türck esteve palestrando em 2 eixos:
- Eixo 2: Proteção e Defesa no Enfrentamento das Violações de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes com a palestra: FAMÍLIA: ESPAÇO DE AFETO E VIOLÊNCIA
- Eixo 3: Fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos com a palestra: REDE INTERNA: SISTEMA DE PROTEÇÃO INTEGRAL

Sobre sua participação, ela comentou: "Ambas as palestras trataram de dois 'nós' na concretização dos direitos das crianças e adolescentes que estão relacionados em como os profissionais se constituem para trabalhar na concretização destes direitos. 1º 'Nó' - não basta só identificar de onde emergem as expressões da Questão Social que produzem a violência, é necessário que o trabalho profissional intervenha nesta realidade cotidiana, não só, acompanhar e encaminhar, mas intervir para superar. 2º 'Nó' - como se constróem coletivos profissionais a partir dos sujeitos/profissionais, levando em conta o objetivo comum, o comprometimento e o respeito às diferenças? São dois 'nós' que estão presentes e que são de exclusiva responsabilidade dos sujeitos/profissionais que são responsáveis em garantir direitos das crianças e adolescentes".




quarta-feira, 1 de julho de 2009

Conversando sobre Projetos Sociais

Assistente Social Ana Lúcia Suarez Maciel
Assistente Social Rosa Maria Castilhos Fernandes

Não é de hoje que o projeto social constitui-se num importante instrumento para o planejamento da intervenção social, sendo utilizado de forma recorrente pelos trabalhadores sociais. Entretanto é cada vez mais evidente a necessidade do desenvolvimento de competências para utilização desse instrumento. Instrumento que deve ser compreendido como estratégia e meio para o trabalho profissional, pois os instrumentos não se deslocam da totalidade do processo de trabalho dos profissionais. Ao contrário, é um instrumento que pode, se bem utilizado, potencializar uma ação dirigida à transformação de uma dada realidade.

Sabemos o quanto a elaboração de projetos requer a participação e reflexão das pessoas, de grupos e de organizações sobre as situações do cotidiano, de uma realidade problemática, portanto complexa e contraditória, e a partir daí gerar alternativas de solução para a superação da situação apresentada por meio de mudanças inovadoras. Por isso, não são uma ação isolada e requer a capacidade de articular diversos interesses, dos envolvidos com o problema, bem como de efetuar uma leitura adequada do contexto onde a proposta será estruturada e implementada.
Projetos fazem parte da instrumentalidade da ação profissional que delimitam a intervenção quanto aos objetivos, metas, formas de atuação, prazos, recursos, responsabilidades e avaliação. É por meio dos projetos sociais que se organizam as ações e as práticas sociais que desencadeiem a transformação de determinada realidade social.

Um conjunto de cartilhas, de artigos e de guias, que encontramos no acervo sobre o tema, contribui com a disseminação da importância da elaboração dos projetos sociais no contexto social, econômico e político atual, demonstrando passos e maneiras de sistematizar o traçado da operacionalização de um conjunto de ações.

Contudo, existem diferentes modos de elaborar um projeto, que estará de acordo com o campo sob o qual irá incidir a ação, como, por exemplo, uma atividade no campo educacional, no campo econômico ou em processos específicos, como de capacitação profissional e de pesquisa. Ademais, um projeto pode vir acompanhado de um roteiro, e pode se diferenciar, dependendo das necessidades e exigências próprias do órgão de execução e/ou financiador.

Diante dessa realidade, é possível afirmar que planejar, não é uma tarefa fácil! O ato de planejar requer uma compreensão da dimensão política que perpassa o processo de planejamento, pois este surge em um momento histórico, em que se desencadeia o reconhecimento da necessidade de uma ação sistemática que possa responder às situações postas. Associada a dimensão política, soma-se o conhecimento técnico que articulado às competências negocial e relacional, na mediação com os principais envolvidos com o projeto, são os aspectos que tendem a favorecer a boa elaboração de um projeto. Se este, por sua vez, estiver bem feito, a tendência de que a sua materialização venha ao encontro do que foi planejado, cresce proporcionalmente. Assim, como o contrário, também, tende a ser verdadeiro.
De modo geral, nossa experiência tem demonstrado que o ensino da elaboração de projetos somente é incorporado, à medida que é acompanhado de uma proposta prática, pois é na experiência concreta que os sujeitos constroem as mediações para a apreensão do conhecimento. É essa a proposta da GRATURCK para o curso de Elaboração de Projetos.